“ SETE ANJOS REBELDES” é dedicado ao roqueiro inglês Ozzy Osbourne. A caracterização da fictícia personagem do Pai Natal, foi moldada ao seu estilo distinto, com excepção da barba. “
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Point of view:
“ Thank you motherfucker’s for your fucking good idea.
that is amazing fucking short story.
Fuck of and suck my dick”
Congratulations
Ozzy Osbourne
1/22/2007
Dedicado a Ozzy Osbourne.
OBRAS DO AUTOR
Editadas:
“O Ultimo Lusitano“ - Romance Historico - Julho de 2004
A Editar:
“Versiculos da Alma” - Poesia
“A Rota dos Consagrados” - Poesia
“ Um Doce Halito de Poesia” - Poesia
“O Cantico de Elias” - Poesia
“Suaves Lembrancas de Orvalho” - Poesia / Pintura
“O Verbo da Vida” - Romance
“Patria Celeste” - Romance
“Filhos do Trovão” - Romance
“Anciões do Tempo” - Conto
Para mais informação acerca do Escritor / Pintor, visite o website:
WWW.jorgebarroso.no.sapo.pt
Email: jorgebarrosobranco@hotmail.co.uk
Advertência
“ Sete Anjos Rebeldes”, foi elaborado por Jorge Barroso, em consequência de uma brincadeira no respectivo local de trabalho : “Chiquito” -A Mexican Bar and Grill., a pedido dos seus colegas e amigos, mensionados na história.
As personagens e locais são reais, à excepção dos apelidos.
Todo o desenrolar da história é mera fantasia criada pelo autor.
Sete Anjos Rebeldes - O Conto
***
Passava das dezoito horas, quando o pequeno Jorge atravessava cautelosamente a larga passadeira de peões, na movimentada e comprida S.Albans Road.
Naquele fim de tarde, frio, escuro e chuvoso, projectava-se uma lenta e ameaçadora noite, obscurecendo a tal ponto a paisagem da sinistra cidade de Watford.
Aqui e ali viam-se enfeites natalicios com luzinhas a piscar delicadamente e em algumas montras mais vistosas, lia-se ofuscadamente “Merry Christmas and Happy New Hear”.
O apressado caminhante fixava o olhar no chão, parecendo triste, transido, receoso, e sobre ele parecia pesar o sentimento doloroso da sua situação.
Em voz sumida fazia perguntas e dava respostas num jeito deveras zangado:
-Já amanhã é dia vinte e quarto de Dezembro e nem sequer uma prenda comprei para oferecer. Mas como é que eu vou comprar alguma coisa, se não tenho um “chavo” para gastar!? Os camelos dos patrões ainda não pagaram o salario e pelo andar da carruagem, só pagarão após o Natal. Vão todos marrar com o caralho!
Ao pequeno Jorge, rapaz piedoso, modesto, muito serio e de bastante reflexão, valiam-lhe as simpatias gerais.
Era realmente um formoso rapaz, de rosto oval, cabelos ondulados, castanhos, de pele palida, boca delicada, labios um pouco grossos e o nariz, recordava o nariz das raças reais.
O rosto e o corpo formavam um suave conjunto em que as pequeninas imperfeições se desfaziam.
Tinha os pés pequeninos demais e ao menor descuido no caminhar, lá ia ele de “pantanas”. Quando dava por si, já estava todo estatelado no meio da calçada, lançando pragas aos sapatos:
- Foda-se! O caralho dos sapatos escorregam que nem casca de banana.
Os passageiros, despercebidamente olhavam para o rapaz caido e riam para consigo num jeito de gozo.
- Estás a rir-te de quê, ó seu cara de cu? Cada um caminha como quer, ouviste? Vai levar na “anilha”.
Aos ouvintes nada os ofendia, porque nem eles percebiam português, nem Jorge percebia ingles.
… E num gesto brusco, o rapaz lá se levantou voltando a ajeitar a mochila, enfrentando o largo passeio em direcção ao seu emprego que ficava a cinquenta minutos de sua casa.
Jorge trabalhava num grande restaurante – bar Mexicano, de nome “Chiquito”, lá para os lados de Garston.
Situava-se no Woodside Leisure Park.
Trabalhador exemplar, lavava e limpava pratos, tachos e panelas numa gigantesca cozinha que mais parecia um campo de refugiados, pois que consigo, trabalhavam mais seis almas piedosas, tristes, esquisitas e também um pouco loucas.
Ao jovem rapaz foi-lhe dada a alcunha de “Lambre Grelos”, e ate hoje não sabe com que intenção lhe foi dada tamanha mentira, pois que lá para a sua terra, no longínquo Portugal,”lambre grelos”, até que é bem bom, pois que é um “gajo” que passa o tempo a lamber a cona a ladyes, mas por ironia do destino há cinco meses que pisa terras de Inglaterra e nem a puta de uma “rata” ainda provou.
Vale-lhe os cinco contra um, o que já é um grande alívio.
Jorge, o lambe grelos, caminhava em direcção ao seu destino quando se assusta ao ser interpelado por uma sinistra figura, muito alta, de estatura herculea.
A sua grande barba grisalha e os longos cabelos cinzentos, serviam de escudo ás suas feições mergulhadas em sombra. Lambre grelos, boquiaberto com tão indesejada presença, conseguiu ainda captar o brilho de uns olhos meio mortos e penetrantes, no fundo da sombra das sobrancelhas hirsutas.
Vestia uma tunica vermelha fechada até ao pescoço e muito apertada à cintura com uma larga tira de cabedal já muito negra.
Calçava umas botas de pele adornadas com cadilhos dourados.
- Who are you? – Perguntou num sotaque esquisito, deveras assustado, o jovem lambe grelos, todo ele tremendo.
Na altura sentiu uma indesejável humidade quente descer-lhe pelas pernas abaixo até aos sapatos:
- Senhor, eu não tenho dinheiro e vou agora para o trabalho. Talvez não seja a pessoa certa para assaltar. Olhe! Ali aquela senhora leva um saco na mão. Vá ter com ela e assalte-a. Eu não tenho nada. Acredite em mim. – Dizia o jovem lambe grelos, esquecendo-se que a sinistra figura nada entendia do que ele acabara de dizer.
Estou fodido! O caralho do velho tem cara de mafioso e vai roubar-me a mochila. Mal pensa ele que aqui só tenho o caralho da farda do trabalho com pivete a suor e gordura. Ainda por cima, é foleira p’ra caralho!
- Tem calma rapaz! Falou aquela figura. – Nao te quero fazer mal nenhum! Apenas quero ajudar-vos a salvarem o vosso emprego. Sei que trabalhas no “Chiquito”, na cozinha, com mais seis cabeças duras como a tua, mas tudo bons rapazes. O serviço está muito fraco e vocês estão destinados a serem despedidos, não é verdade? Não há clientela, não há comida, não há alegria, não há serviço, bem… estão na “shit”, como é normal aqui dizer-se. O restaurante Chiquito, atravessa uma fase doentia e pelos vistos, sem solução. Está acabado!! Perto do fim! Se não houver solução muito brevemente, todos ficarão na rua, sem emprego, sem ordenado, porque a clientela mudou-se e fechou-lhe as portas.
- Eu sei disso! Respondeu o lambe grelos, entendendo devidamente aquela sinistra figura, como se falassem os dois o mesmo idioma. – Por isso estou triste e a alegria naquele restaurante deixou de existir. Passamos as melancólicas horas sem fazermos nada, aguardando por um ou dois clientes que mal entram, logo saiem. Os patrões choram pelos cantos, as meninas do bar arranjam as unhas, pintam os olhos, coçam o passarôlo e lêm revistas enquanto nós na cozinha, sentamo-nos nas bancadas a jogar ás cartas, beber cerveja e a fumar. É o caus, senhor! Reconheço perfeitamente. Algo de ruim assombrou o grande “Chiquito”. Antes foi um lugar de sonho! Um lugar onde as festas de crianças e adultos eram constantes. Havia musica, balões, alegria… agora apenas existe o silêncio, teias de aranha e tristeza.
- Eu sei rapazote! Passou por ali a desgraça. Em mil restaurantes num ano, há um destinado a esse trágico fim. E o grande Chiquito, foi, pelos “demónios” da restauração o escolhido a acabar na “merda”. As garras do mal lançaram as cartas da sua morte. Mas… há ainda uma solução!
- Há?? Como? – Gritou o lambe grelos um pouco mais confiante naquela figura que parecia um amigo em vez de um assaltante.
- Toma esta poção! Leva-a contigo e sem que ninguém veja, tu e os teus seis colegas de trabalho da cozinha, tomem um cálice misturado com duas gotas de água. É muito amarga, mas vale a pena.
- Mas… qual é o resultado desta merda?
- Deixa-me acabar, caralho! Nao gosto de ser interrompido quando falo. Como ia dizendo, bebem a poção misturada na água, mas antes combinam entre todos uma Era do passado que mais gostem, pois que aí irão regressar e aí terão como missão, encontrarem sete estrelas que servirão de resposta ao problema que assola o restaurante Chiquito. Cada um dos sete, terá que descobrir a sua estrela e ninguém pode encontrar mais que uma, porque o que ficar sem a sua estrela jamais regressará ao futuro. No verso de cada estrela, está uma palavra escrita que nenhum de vós poderá ler. Presta atenção: Quando tiverem em vosso poder as sete estrelas, voltarão a beber da mesma poção para assim poderem regressar. Ao chegarem, encontrarão à entrada do restaurante, uma gigantesca árvore de natal, onde colocarão as sete estrelas e só aí, todos juntos, poderão ler a palavra que cada uma comporta. Entendido?
- E o que significam essas palavras escritas nas estrelas? – Perguntou lambe grelos deveras admirado com tanta curiosidade.
- A cada estrela, será indicado um nome. Esses nomes serão apresentados aos managers do restaurante Chiquito, que terão que respeitar e cumprir rigorosamente para que volte a ser o que antes foi; para que a musica, os balões, a alegria, as crianças e os pais, voçês, os empregados e todos os que completam o restaurante, voltem a dar sentido ao que antes era válido. Depois da missão cumprida, verás que tudo voltará ao normal e o vosso emprego jamais ficará tremido; que a clientela duplicará e o vosso trabalho será recompensado. Enfim! Se os sete membros da Ordem por vós formada, salvarem das garras do mal o pobre e acabado Chiquito, talvez o Natal seja diferente do que agora se adivinha. Toma e vai a correr para o teu emprego, que já estás atrasado.
Nisto, aquela figura de aspecto insinuante, entregou um pequeno frasco, contendo um liquido esverdeado, que pareceu repugnar o semblante de lambe grelos, quando passou o olhar por aquela coisa estranha.
Colocou-o imediatamente na mochila e ao voltar-se para se despedir da sinistra figura, apenas viu um vazio no ar. Olhou em todas as direcções e não viu sombra de velho.
Tinha desaparecido como que por magia.
- Foda-se! O que é que aconteceu aqui? Será que estou a sonhar? Que caralho é este, meu? – Questionava-se o jovem lambe grelos, beliscando-se, enquanto corria apressadamente na direcção do Chiquito.
*
Lá estava a familia de malandros, encafoada na cozinha, sem qualquer perspectiva de trabalho.
Lambre grelos, todo despenteado, mais parecia um porco espinho, quando olhou para aquelas tristes figuras, espalhadas pela cozinha:
- Hello boys! Disse ele amigávelmente.
- Fuck you!! Responderam todos em uníssono, ignorando-o.
- Então!? Isto hoje esta “busy”, não? Vejo-os tão atarefados.
Lambe grelos, estava a “gozar” com a situação, pois que Sérgio, mais conhecido por “Fode Marmitas”, estava deitado na bancada da “dish”, coçando os colhões. Silvério, o “Caga na Plangana”, estava a jogar dominó com José, o “Coça na Pataca”. Já o pobre Nivaldo, também conhecido pelo “Vomita Chupetas”, estava a fumar um “charro”, que cuidadosamente ia passando ao colega Jaime, o “Chupa Pintelhos”, o qual dava arrotes longos com bafo a cerveja.
Ali ao fundo, encostado à maquina de café, encontrava-se o jovem Elton, o “Coninha de Sabão”, que retirava cuidadosamente do seu achatado nariz, um gigantesco macaco, passando-o pela maionese, e deliciosamente o levou à boca de sorriso aberto ao mundo.
- Tenho novidades! Gritou lambe grelos.
Ninguém lhe deu ouvidos. Continuou a falar como se todos mostrassem o maior interesse até chegar a altura que deram realmente uma certa atenção ao que dizia, pois que aquela conversa paracia sair da boca de um louco.
E foi assim que todos se juntaram em redor de lambe grelos, ouvindo toda a história que se havia passado consigo.
- Eu não tomo essa merda! Afirmou de imediato o coninha de sabão.
- Pois se der alguma “moca” valente, eu até tomo por voçês todos, “fraga”! Afirmou o chupa pintelhos.
Certo foi que, num dificil, preocupante e desconfiado acordo mutuo, todos, num desejo ardente de lutarem contra o mal que por ali passou, fecharam os olhos e devoraram quase toda a poção que o frasco continha.
- Não, caralho! Não bebam essa merda toda. Temos que guardar um pouco para o regresso. – Disse espantado o lambe grelos.
*
Se antes todos tinham cara de loucos, melhor se confirmava agora, pois que naquela enorme cozinha do grande restaurante Chiquito, algo de muito esquisito se estava a passar com aquelas sete criaturas de Deus.
Sérgio, o fode marmitas, de lingua de fora, dava gargalhadas loucas e esbofeteava-se brutalmente.
Silvério, o caga na plangana, dava peidos brutais, e com um tacho, queria apanhá-los para de seguida os querer fritar e comer.
Ao pobre José, mais conhecido pelo coça na pataca, deu-lhe para limpar o chão com o próprio corpo. Rebolava-se como um louco e gargalhava, lambendo os baldes de lixo, espalhados pela cozinha.
Jorge, o lambe grelos, ali mesmo fez as suas necessidades fisiologicas e delicadamente as guardou numa lancheira de plástico. Afirmava que era o melhor bolo de nóz que jamais iria saborear.
Nivaldo, o vomita chupetas, no mesmo instante deixou de falar a sua lingua luso-brasileira, e da sua voz, saiu um grunhido horrivel, parecendo um porco, dando voltas loucas pela casa.
Elton, o coninha de sabão, também de olhar atrofeado, tinha todos os cabelos em pé, e de boca escancarada, cantava uma musica grega à medida que choramingava.
E a Jaime, o chupa pintelhos, julgando que estava a beber cerveja, meteu à boca uma garrafa de detergente, e emborcou tudo de seguida, o que lhe causou grandes arrotes com bolhinhas de sabão, que flutuavam pela casa.
Afirmava ser uma travessa de vidro, e esfregava-se brutalmente, desejando puxar o brilho a si próprio.
… E em segundos, as sete loucas criaturas, sem como nem porquê, desapareceram daquele triste lugar iniciando uma viagem que nem eles souberam contar.
Não sabem se foi de segundos, minutos, horas, dias, meses ou anos.
Sabem apenas que ao abrirem os olhos, deram por si, no interior de uma vasta e sombria floresta, onde o mundo pareceu ter parado ali.
De seguida, ouviu-se um trovão seco, forte e longo, mesmo por cima do local onde se encontravam os sete rapazes e muitos relâmpagos ofuscantes se abateram sobre os montes.
Depois soprou uma maliciosa rajada de vento e de mistura com ela, caiu um leve e prateado chovisco que fez avivar as suas memórias.
- Foda-se! Gritou fode marmites, de olhar vidrado para os companheiros. – Onde estamos? Que temporal é este, caralho?
- Nao sei, meu! Parece o Inferno! Disse o chupa pintelhos. – Seja o que for, curto este paraiso. Faz-me sentir nas trevas. Yes! Yes! YES!!
- Curto, o caralho! Por causa desses teus loucos gostos e pancadas da idade das trevas, viemos mesmo cá parar. – Lançou-se brutalmente o vomita chupetas. – Isto mais parece o princípio da criação. Causa-me arrepios.
- Mesmo por isso,”cara”! – Voltou a afirmar o chupa pintelhos. – Aqui, com o bolso cheio de haxixe (maconha), e uma pipa de cerveja, estava no céu. Era só curtir… ia dar um aué!!
- Bem! Gritou lambe grelos. – Vamos lá orientar esta cena. Segundo o que o misterioso velho me falou, temos que descobrir cada um a sua estrela. Não podemos ver a inscrição no seu verso e apenas nos restam dezassete horas para as procurar. Amanhã é dia vinte e quatro, vésperas de Natal. Como tal, pelas dez horas de amanhã temos que regressar ao Chiquito e tudo tem que estar completo até ao meio dia, que é quando abre ao publico. Se falhar-mos, o Chiquito morre na véspera de Natal; se descobrir-mos as estrelas, será salvo e tudo voltará a ser o que era. Entendido? ( fraga)
- Deus queira que eu não encontre a minha estrela. Disse chupa pintelhos, desinteressado. – Estou farto daquela merda e assim, acábasse-me a boa vida. Lá volto eu a fazer aquelas “fajitas” mexicanas. Fuck’in shit !!
- Cala-te, seu cara de cu! Gritou-lhe fode marmitas. – Se passarmos este teste, vou dizer aos managers para te meteram a esfregar sanitas. Camelo!!
- Pouco barulho! Vamos ao trabalho, que o tempo escasseia. – Interrompeu lambe grelos. – Bem! Cada um segue rumos diferentes. Quando descobrirem as vossas estrelas, voltem para este lugar, aguardando a chegada de todos. Assim ninguém se perde. Por aquilo que o velho disse, o obstáculo não será nada fácil. Temos todos que medir forças com o mal. Agora vão! Que as forças do bem nos ajudem.
( E abraçando-se, fizeram um circulo, desejando entre todos, boa sorte e energias redobráveis para aquele destino incerto).
*
Sérgio, o fode marmitas, após subir um gigantesco morro, deslumbrou-se com a sinistra paisagem.
Continuou a caminhar e por descuido, meteu o pé direito numa grande cova, que foi de imediato, sugado pelas profundezas da terra.
Rebolou descontroladamente, não encontrando um meio de salvação.
Estava num fundo precipício que jamais de lá sairia.
Por fim, o seu corpo, todo cheio de dores lá encontrou terra firme e um pouco ferido, gemia, não sabendo onde se encontrava.
O solo que o amparou era mole, peganhoso e cheio de escamas.
Fode marmitas, descobriu por fim, que estava mesmo no centro da gigantesca barriga de um dragão.
A enorme e medonha criatura dormia profundamente, não se dando conta do intruso.
O pobre rapaz cagou-se pelas pernas abaixo, mas conseguiu aguentar o fedor da sua merda, misturado com o fedor da propria criatura.
Os seus olhos repararam que junto aos enormes colhões da criatura, luzia uma pequena estrela, mas muito dificil de alcançar. Então, com o apoio de um ramo seco que ali encontrou, lá conseguiu levantar o colhão esquerdo da besta, que dormia profundamente e com muito cuidado, a sua mão, alcançou a estrela mágica.
O gigante dragão, talvez pelo pivete exagerado a merda, que exalava pela caverna, acordou do seu longo sono e meio esquisito, olhou aquela insignificante presa mesmo ali à sua frente.
Apercebeu-se que um colhão estava mais descaído que o outro e foi então que descobriu a falta do seu tesouro.
Que era feito da valiosa estrela que este guardião tinha debaixo dos seus enormes colhões?
… E num arfar brutal, fixou fode marmitas, lançando-lhe um olhar devorador misturado com uma língua de fôgo que iluminou imediatamente aquele lugar de trevas.
Fode marmitas, logo meteu a estrela no bolso, e, queimado no traseiro, soltou gritos de dor, saltando do dorso da criatura. Começou a correr como um louco, tentando a sua fuga, que, por milagre muito dificilmente conseguiu.
*
Silvério, o caga na plangana, que havia seguido um outro destino, rumou em direcção a Sul.
Aí, o tempo parecia agradável e os seus olhos contemplaram uma desejável lagoa cristalina, que o convidou a uma apetecível banhoca:
- Vai mesmo saber-me bem um banho. Este calor deixa-me os poros do corpo a vomitar fedor.
Despe-se e numa agilidade de profissional, lança-se de uma grande rocha para a calma lagoa que parecia atraí-lo febrilmente.
Mas, à medida que o seu corpo descia, a lagoa ia-se sumindo.
A água evaporou-se totalmente e de dentro daquela grande cova, que antes continha a água cristalina, saiu um enorme peixe, de boca gigantesca, toda escancarada, a aguardar o fim do voo da presa.
Caga na plangana berrava que nem uma cabra, tentando a salvação, mas em vão, pois que, todo ele foi engolido por aquele monstro, indo ter directamente ao estômago fedorento da horrivel criatura.
A sua aflição foi compensada com a descoberta do que mais desejava, pois que mesmo à sua frente, junto ao coração da besta, encontrava-se uma pequenina estrela muito luzente, que cuidadosamente tirou e fechou fortemente na sua mão:
- Caralho! Como é que eu vou sair daqui? A boca da besta está serrada e os seus dentes são horriveis. Ja sei! Vou sair pelo cu. Vejo lá à frente uma ligeira claridade…
E assim, caga na plangana, gatinhou cuidadosamente por entre as paredes do estômago da enorme criatura marinha até um fundo tunel muito escuro e bastante mal cheiroso.
Aos cantos do cu da criatura, amontoava-se merda de há meses ou anos.
Desviando-a dificilmente com braçadas fortes, provocou uma má disposição à criatura, que se sentiu mal do estômago e num desejo eminente de lançar gases, obrigou a abrir o largo cu e num estrondo medonho, cagou um peido enorme, fazendo ejectar o caga na plangana, que por sorte foi parar a milhas daquele horrivel lugar.
*
José, o caga na plangana também ele caminhava pela negra floresta, quando ouviu um grunhido agudo, causando-lhe arrepios.
E mesmo à sua frente, deparou-se-lhe uma enorme serpente com mais de vinte metros de comprimento e tinha sete cabeças.
De cada cabeça, soltavam-se grunhidos diferentes e todas elas eram camufladas, de longos cabelos grossos, negros, nojentos.
Todas as bocas mostravam uma longa e fina língua vermelha e uns enormes dentes amarelos, muito afiados.
… E foi numa dessas bocas nojentas que o coça na pataca, reparou que existia um dente em forma de estrela, que muito luzia.
Era a estrela magica que ele incansávelmente procurava.
Mas, como era possivel chegar até lá? Como roubaria ele a estrela à gigantesca serpente, estando naquele lugar deveras perigoso e mortífero?
… E sem receio, o jovem coça na pataca, dá meia volta e numa agilidade única, lança-se sobre o dorso da brava criatura tentando alcançar a cabeça onde se encontrava a respectiva estrela:
- Anda cá sua puta! Ou eu te fodo a ti, ou tu me fodes a mim! Dá-me o caralho da estrela e podes regressar às profundezas da terra.
Mas a serpente, era mais astuciosa que coça na pataca e com um safanão, deu-lhe fortemente com o rabo, fazendo-o voar, deixando-o estatelado mesmo ali à sua frente.
Era agora presa fácil de devorar.
Mas a sua astucia pareceu ganhar asas, e por instinto, retirou do seu bolso um preservativo (camisinha), fez dele uma rudimentar fisga, colocou-lhe uma pedrinha que apanhara do chão, fez pontaria à boca da serpente, e apontando na direcção da estrela, disparou com todas as suas forças.
A sorte estava do seu lado, pois que a mágica estrela despegou-se da carne da criatura e voou até ao chão, caíndo mesmo aos pés de coça na pataca, que imediatamente a colocou no seu bolso, tentando fugir a todo o custo daquele lugar perigoso.
Mas, mais depressa desapareceu a enorme serpente, pois que, aquela pedrada, provocou-lhe uma forte dor de dentes, que lhe afectou todas as suas repugnantes e gigantescas sete cabeças.
Todas elas gemiam em diferentes sons agudos, desaparecendo na densa floresta.
*
Jorge, o lambe grelos, tinha seguido na direcção Oeste, daquele desconhecido território.
Após algumas longas horas de caminhada, os seus olhos contemplaram um lugar belo, mágico, como se entrasse no paraiso.
Tudo era azul, branco, prateado e as longas árvores eram feitas de puro ouro.
Aves de diversas cores e espécies, sobrevoavam aquele mágico lugar e cânticos celestiais soavam como que por magia.
E logo ali à sua frente, apresentaram-se dois maravilhosos anjos, todos cobertos de luz, vestindo de igual.
Eram anjos gémeos que olhavam calorosamente para lambe grelos.
Silenciosamente caminhavam em sua direcção e cada um trazia na sua mão esquerda, uma estrela e na mão direita, uma vela que ardia candidamente, iluminando as faces brancas do rapaz. Confuso, olha regaladamente as duas estrelas, sabendo certamente que uma delas era a verdadeira. Mas qual?
- Escolhe, caminhante, a verdadeira estrela. – Disse uma das angélicas figuras. – Se acertares, viverás, mas se errares, morrerás agora mesmo e todos os teus amigos jamais regressarão ao futuro.
Lambe grelos, confuso, olha fixamente para as mãos dos dois anjos e para os seus semblantes. Como iria ele escolher a verdadeira estrela se as duas eram totalmente iguais? Não via naquelas duas criaturas qualquer diferença, quer na posição, quer no olhar, nos cabelos, no vestir…eram completamente iguais em tudo, com excepção de o anjo da esquerda não parar de falar, enquanto o da direita mantinha-se sempre em silêncio.
- Então!? Não fazes a tua escolha? – voltou a perguntar aquela figura bela e imaculada.
Lambe grelos, depois de estudar os comportamentos das duas visões, reparou que a vela do anjo da esquerda ardia mais rapidamente.
O sour da sua testa, corria-lhe cara abaixo, e a cera que derretia da vela, pingava em cima de sua mão, obrigando-o por vezes a contorcer-se pelas dolorosas queimadelas. Estava deveras inquieto, aquele anjo; talvez com bastantes dores.
Já ao anjo da direita, aqueles sintomas não aconteciam.
Mantinha-se calmo, calado e de aspecto pacífico. Algo estava mal com o anjo da esquerda.
E então, num rapido instinto, disse muito convicto que já tinha feito a sua escolha. Escolhera a estrela do anjo da direita.
- Porquê? Gritou furioso o anjo da esquerda.
- Porque tu estás muito nervoso! Pareces impaciente e desconfiado. Os anjos, portadores de dons divinos, jamais sentirão a dor, porque a dor é coisa do ser humano. E pelo que vejo em ti, quando a cera derretida cai sobre a tua mão, logo te contorces em sinal de sofrimento.
Repara no teu irmão como está calmo; sereno. Como tal, escolho a sua estrela e não a tua.
Embrutecido, aquele anjo não aceitou com bons modos a escolha de lambe grelos e num ápice tenta lançar-se sobre ele.
Mas logo o anjo da direita o afastou com um simples toque de dedos, dizendo-lhe:
- Afasta-te e aceita a tua fraqueza. O terrestre fez a correcta escolha. Como tal, eu lhe entrego a verdadeira estrela magica. Agora vai, rapaz, para junto da tua gente e que todos os teus desejos se concretizem.
Lambe grelos afastou-se daquele lugar, com receio do anjo mau e apertando na sua mão com firmeza a verdadeira estrela, galga caminhos estranhos e perigosos em direcção ao seu destino.
*
Nivaldo, o vomita chupetas, andava perdido num emaranhado de arbustos, quando, deveras admirado foi de encontro a um pódio gigantesco.
Nesse pódio, todo ele cercado de linguas de fogo, estava sentado um grande homem de vestimentas brancas, barbas enormes da cor da neve que tocavam o chão e na sua mão direita segurava o globo terrestre. Na esquerda segurava uma pequenina estrela.
A estrela mágica, que certamente deveria ser a que ele procurava.
Aguardou o chamamento daquela gigantesca figura, que parecia o Deus de todo o Universo e em silêncio, admirava o estranho pódio, todo feito de pedras preciosas.
- Diz-me, terrestre, que fim esperas para este globo que seguro na minha mão? Se a tua resposta for válida, ganharás a estrela que procuras; se não me agradar, hoje mesmo o mundo findara, vítima da minha ira.
- Caralho! – Disse para consigo vomita chupetas. – Só me faltava agora carregar com a responsabilidade do mundo. Sei lá eu qual será o fim desta merda. Isto parece estar tudo fodido…
- Então jovem! Não tenho o dia todo só para ti. Não sabes a resposta, não é verdade? Realmente tens cara de estupido, mas quem sabe, se na tua cabeça de abóbora surja alguma ideia válida. Vamos! Rápido! E não me venhas com essas palavrinhas bonitas de paz, amor, fraternidade, blá,blá,blá, porque isso é o que toda a canalha terrestre diz da boca para fora. Pois que do seu coração só sai merda!
- Eu… eu… ( vomita chupetas, acabrunhado, gaguejava e suava por todos os lados) – Eu espero que… Bem! Foda-se, e agora? Nao me sai nada cá de dentro.
- Bem, cabeça de alfinete, como não dás a tua resposta, tenho que partir. Até nunca mais!
- Não!! Fica só mais um pouco. – Gritou aterrorizado o jovem rapaz. – Bem! Realmente eu gostava que ouvesse essa tal paz e esse tal entendimento entre os povos, mas sei que isso está fora de questão. Tenho uma ideia: porque não se acaba com este mundo e inicia-se um outro novo? Este já está velho, saturado de máguas, e completamente desorganizado. Inicia, Senhor dos Destinos, hoje mesmo uma nova Era na mente dos homens e mistura-te na sua vida terrestre. Em vez de te venerarem com imagens, orações, oferendas e cultos, ensina-o a venerar-se a si próprio. A orgulhar-se de si; a respeitar-se e a amar-se. Ele está muito confuso e cheio de amargura no seu coração. Ama-te e odeia-te por lhe mostrares muitas caras, muitos ideais, muitos dogmas. Tu és um no todo! Faz-lhe ver isso e talvez os diferentes povos se entendam e se respeitem de vez.
A gigantesca figura modificava aos poucos o seu semblante, parecendo deveras pensativo. As suas mãos descaíam lentamente sobre o seu regaço enquanto ouvia aquela insignificante figura mesmo ali à sua frente.
- Queres tu dizer-me que o ser humano confunde-se na sua própria veneraço e atrás disso surge o caus, verdade?
- Sim! Respondeu vomita chupetas meio acabrunhado.
- Bem! Vou pensar nisso! – Disse a grande figura remexendo nas longas barbas. – Talvez tenhas uma certa razão. Gostei desse teu ponto de vista. Essa tua cara de estupido esconde palavras de reflexão. Toma lá a tua estrela.
Vomita chupetas, aliviado, recebeu das enormes mãos da criatura divina a magica estrela e, dando meia volta, correu velozmente, como o diabo foge da cruz.
- Alto! Gritou-lhe estrondosamente o grande Ser divino. - Já agora, diz-me uma coisa: E tu, quem veneras?
O rapaz, pensativo, fixou demoradamente o velho semblante da estranha figura e convicto, respondeu-lhe apressadamente:
- Eu venero o Sol, que me ilumina todos os dias. Venero as noites e os dias, a chuva, as árvores, a terra, o mar… o meu povo. Isso tudo eu venero.
Eu venero a vida! Isso me basta para ser feliz.
Depois partiu sem olhar para trás, contente por trazer consigo a mágica estrela e triste por aquele doloroso dialogo.
*
Jaime, o chupa pintelhos, rapaz desembaraçado, caminhava alegremente por uma larga planície, quando avista ao longe uma casa muito velha, feita toda ela de lama e palha. Avistou uma linda senhora, vestida de branco que parecia gritar-lhe e acenar-lhe para que ele se aproximasse.
Ao chegar perto daquela esquisita habitação, reparou que não era apenas uma, mas sim muitas jovens mulheres, muito altas, formosas, de cabelos longos, mas de olhar bastante rude.
Eram Amazonas, guerreiras, que habitavam aquele territorio, atentas ao perigo e preparadas a matar qualquer impostor que passasse por ali.
Chupa pintelhos, achava-se no céu, e mais se regalaram os seus olhos quando viram uma pipa de cerveja mesmo ao centro de uma grande sala.
- Foda-se! Saiu-me a sorte grande. Há tanto tempo que não matava a sede com umas valentes cervejolas. Miss! Posso beber uma half beer? – Perguntou ele num jeitinho delicado.
- Mas é claro, belo viajante. Bebe até ficares saciado. Foi feita de proposito para ti. Sabiamos que se aproximava a hora da tua chegada…
Chupa pintelhos, deixou-se rir com tão louca afirmação e não dando qualquer atenção, lançou-se como um verdadeiro “pig” na direcção da grande pipa de cerveja e violentamente rodou a torneira escancarando a sua larga boca ao liquido amarelo e fresco que corria ligeiramente.
- Está uma delícia! Fresquinha! Deixem-me adivinhar a marca: Stella, verdade? Ou será Fosters? Disse ele, lambendo-se de contentamento.
Não demorou cinco minutos que estivesse com uma carraspana de caixão à cova, vomitando-se e arrotando que nem um javali.
- O camelo não sabe beber! Voltou-se uma das guerreiras.
- Nao te preocupes. Mais rapidamente será morto. – Gritou aquela que parecia ser a chefe do pequeno grupo. Vestia uma pequena tunica de couro, apertada à cintura com um largo cinto em pele, com adornos brilhantes e ao meio, uma linda estrela, colocada a servir de fivela, a qual era certamente a magica estrela que chupa pintelhos procurava.
O rapaz, de olhar esbugalhado, completamente embriagado, ainda conseguiu olhar aquela luzente estrela à cintura da mulher, mas chegou-lhe um sono tão profundo que aí mesmo ficou e logo adormeceu.
Ao acordar, reparou que estava num leito feito de penas de pavão e junto a si tinha por companhia aquela bela mulher com a estrela na mão direita.
Assustado, já completamente sobrio, tenta afastar-se, olhando desconfiado para todos os lados.
- Que se passa? O que estou aqui a fazer? Ah! A estrela mágica! Dá-me essa estrela, mulher. Preciso dela. Rápido! – Gritou ele muito apressado.
- Eu dou, mas em primeiro lugar, tens que fazer amor comigo. Preciso de um primogénito.
- Mas … está bem! Não há problema nenhum. Eu até que ando com uma crise, que ja perdi o conto ao tempo em que dei a última “pinocada”.Sinto a loucura apoderar-se de mim e até já me cansei de bater à punheta.Olha para as minhas pobres mãos… cheias de calos!
… E aquela estrela foi-lhe entregue imediatamente. Colocou-a no bolso das suas calças. Mas, ao tentar beijar a bela Amazona, os seus olhos viram que algo se transformava. Aquela mulher, que antes era tão bela, aos poucos modificava as suas feições, transformando-se numa monstruosa velha, de pele enrogada, olhos fundos e negros, cabelos brancos, sujos, e dentes podres, partidos.
- Vamos, viajante. Possui-me já, antes que fique completamente desfigurada. Se não o fizeres agora, voltarei a envelhecer e homem nenhum voltará a passar tão depressa por estes lugares escondidos do mundo. Se não fizeres amor comigo, arranco-te o coração.
A cada momento, aquele corpo mais parecia o de um monstro e aquela voz repugnava o jovem chupa pintelhos.
Tentando abraçá-lo, puxa-o para junto de si, mas, é imediatamente afastada com um forte pontapé, mesmo no centro da cona.
A pobre criatura, lançou um gemido de dor, seco e de seguida caiu-lhe um braço, completamente podre e mal-cheiroso.
Chupa pintelhos, vestiu-se apressadamente e afastando-se dali, fugiu numa correria desmedida, que batia com os calcanhares no cu.
Atrás de si, voavam flechas e lanças que se espetavam brutalmente no chão.
As bravas Amazonas seguiam como loucas o intruso, que por milagre saiu ileso daquela planície amaldiçoada.
*
Elton, o coninha de sabão, que tomou um outro rumo, caminhava alegremente e cantava uma linda cantiga do Nordeste brasileiro.
A sua voz era tão horrorosa que até a passarada e os animais da floresta se afastavam para bem longe com receio de ser algum animal feroz. Era um grunhido deveras horrivel, mas a letra da esquisita melodia era “engraçadinha”.
A sua cara reflectia alegria e o seu andar, contentamento.
Deslumbrava-se com a paisagem e não podia ver qualquer florzinha numa planície ou planalto, logo corria para lá, colhendo delicadamente molhinhos, que levava ao esborrachado nariz repleto de pontos negros:
- São para a minha amada que habita sempre no meu coração! – Cantava ele apaixonadamente.
Coninha de sabão não pensava! Era completamente burro que nem uma porta, mas para a sua amada era a pessoa mais carinhosa e mais fiel que Deus colocou à face da terra.
… E assim, caminhava ele, saltitando de pedra em pedra, de ribeirinho em ribeirinho, até que viu uma pequena luz muito brilhante no meio de um campo coberto de malmequeres brancos e amarelos. Correu como um louco até lá e num contentamento desmedido, disse para consigo:
-Ai Jesus! Foi tão fácil como saltar à corda. Mal andei, e logo, loguinho, os meus belos olhinhos descobriram a mágica estrelinha. Devo ser o mais rápido a chegar ao local combinado.
Não posso demorar-me muito neste lugar desconhecido do mundo, porque lá longe, a minha “cinderela” aguarda pela chegada do seu garanhao. Yuppy!!
Mas quando se aproximou, baixou-se para apanhar a mágica estrela que se ocultava entre as flores rasteiras e por ironia do destino, um enorme escorpião mordeu-lhe a ponta da picha, fazendo-o de imediato cair por terra.
O pobre, burro, e desgraçado coninha de sabão foi mortalmente envenenado.
*
A noite chegou fria, ventosa e com muita chuva.
As trevas baixaram naquele campo negro e abandonado, e num silêncio mortífero, seis figuras, de semblantes tristes e preocupados, aguardavam a chegada de coninha de sabão, refugiando-se numa escura caverna habitada por milhares de morcegos.
O fode marmites, conseguiu fazer um lume fraco, batendo duas pedras uma na outra. Viu tal descoberta num filme da Walt Disney. E ao fim de incansáveis tentativas e os dedos cobertos de feridas, por falta de cuidado e experiência, também aqui resultou.
- Que terá acontecido ao coninha de sabão? – Perguntava o coça na pataca.
- Nao sei! Disse o caga na plangana. – Foda-se! Aquele “pivias” é sempre a mesma merda. Nao vale um fósforo queimado e nem presta para uma seca nem para uma inverna. “Betinho” do caralho!
- Cala-te fuck’in shit! – Gritou-lhe enervado o lambe grelos. – Acalmem-se todos. Se demorar mais algum tempo, temos que ir à sua procura. Ele seguiu na direcção Este; lá para o fundo das grandes planícies brancas. Talvez o mau tempo o obrigasse a recolher-se, ou…
- Ou talvez se fodeu, fraga! Buceta! Adiantou-se bruscamente chupa pintelhos. – Sabem que alcançar o caralho das estrelas mágicas não foi tarefa fácil para nenhum de nós. Se bem calha, o cara de cu, encontrou um obstáculo grave que o fodeu de vez. É menos um malandro a passar boa vida no “Chiquito”.
- Fecha a lata, cabrão! Levas um murro pelos cornos, que te rebento essa boca porca. – Interrompeu vomita chupetas.
O tempo, lenta e amarguradamente passou e entre todos, combinaram voltar para trás em direcção a Este, por onde o pobre e desamparado coninha de sabão tinha seguido.
… E após longas horas e dificeis obstáculos devido à negra e estrondosa tempestade, divisaram lá ao fundo um corpo estendido, todo ele enxarcado, mortífero, sem qualquer alento.
Correram em seu alcance e logo se ajoelharam em redor do corpo completamente frio, tocando-o, chamando-o e chorando a sua morte, sem qualquer esperança.
Deram as mãos e gritaram aos céus os seus lamentos, como se tudo ali findasse.
Aquele sonho e aquela esperança em regressarem para salvarem o seu emprego e o restaurante “Chiquito”, estava agora fora de hipóteses. Tudo ali terminou!
Ao lado do corpo estendido, na erva enxarcada, encontrava-se a dita estrela, que luzia num mágico encanto.
- Ele conseguiu encontrar a estrela. Coitado! Lutou até ao fim.
- Reparem rapazes. As calças dele estão manchadas de sangue. Foi certamente atingido por alguma coisa, ou então, mordido por algum animal…
- Foda-se! Adiantou-se o coça na pataca. – E o alvo foi logo o “cacete” do desgraçado. Não tinha outro sitiu para o levar desta para melhor.
Despiram as calças à vítima e vomita pintelhos, repugnado, lá arranjou coragem para ver o que tinha realmente acontecido:
- Foda-se! O “pau no cu” foi mordido mortalmente mesmo na ponta da picha. Isto é mordedela de escorpião. A meu ver só há uma solução. Talvez, quem sabe, ele possa ainda voltar à vida!?
- O que é? – Gritaram todos muito aflitos, mas também, muito desconfiados.
- Morder-lhe o local envenenado, para sair todo o veneno.
- Foda-se! Eu não o faço! Adiantou-se o fode marmitas.
- E eu nem pensar! Disseram mais dois.
- Ele que morra! Alvitrou o chupa pintelhos.
- Esperem! Disse o caga na plangana. – Há uma erva muito boa para sugar o veneno das feridas. Aqui deve de haver certamente muita. Misturada com merda faz-se uma papa e cobre-se o local infectado.
- Com merda? E que erva é essa? – Perguntou espantado o jovem lambe grelos.
- São “pempalhos”! Olhem! Ali há bastantes junto áqueles carrascos. Eu vou lá buscar alguns.
Imediatamente regressou com um pequenino molho.
- Agora só falta alguém cagar e depois, misturar-se a merda com os pempalhos.
- Eu cago! Adiantou-se o chupa pintelhos. – Há meia duzia de dias que me doi a barriga e a cerveja que bebi esta tarde, aumentou-me a vontade. Tenho as cuecas todas furadas dos peidos que mando a toda a hora.
O porcalhão, logo ali fez as suas necessidades. O pivete a merda era tão exagerado que tiveram que aguardar que uma forte rajada de vento passasse por ali e levasse metade do cheirete. Caga na plangana, fez a mistura à medida que vomitava, cheio de ânseas, e a todo o custo lá besuntou com a ajuda de um pauzinho a cabeça da picha do desgraçado coninha de sabão.
*
Passaram algumas horas.
Os rapazes desesperavam e infrutiferamente falavam para a vítima.
- Vamos lá, caralho! Acorda desse teu sono eterno. Lembra-te dos teus verdadeiros amigos; da responsabilidade a que foste incumbido. Lembra-te da tua amada, que tanto amas, e que aguarda lá longe a tua chegada. Nós não desejamos regressar sem ti. Ninguém aguentaria o desgosto… Salva-te sacana! Vamos! Faz isso pela nossa amizade.
… E foi então, que por milagre, aquela carinha de vagina enrogada, conseguiu acordar do seu sono eterno, deitando um pivete a merda, que por pouco voltaria a desmaiar de novo.
Contaram-lhe o sucedido e agora recomposto, ajudaram-no a levantar-se, regressando todos até áquele lugar num desejo ardente de voltarem a beber o resto da poção mágica, e regressarem ao seu verdadeiro mundo.
A missão foi cumprida.
As mágicas estrelas foram descobertas pelos sete anjos rebeldes.
*
Passava das dez horas da manhã, do dia vinte e quarto de Dezembro.
Aquela fria manhã estava coberta por uma ligeira neblina que agradava a todos.
O Woodside Leisure Park mostrava a sua beleza, envaidecendo-se com o grande empreendimento hoteleiro, mesmo ali à sua frente.
Ao fundo, ficava o Vue, composto por enormes e convidativas salas de cinema. Depois, o Kidsports, a seguir, o enorme e vaidoso restaurante Frankie and Benny’s, seguindo-se o Holliwood-Bawling.
Por fim, encontrava-se o desfalecido e solitário restaurante “Chiquito”, the original Mexican grill and bar, mas de incomparável beldade e deslumbramento, embora ainda de melancólico aspecto.
A poção que os rapazes haviam bebido no desconhecido mundo das trevas, para poderem regressar à realidade deixara-os ainda um pouco acabrunhados.
Naquela linda manhã, viam-se algumas pessoas a passearem, todas vestidas com grossos casacos compridos, cascois e botas altas, quentinhas, pois que o frio era intenso e uma neve brilhante e muito fina caia sobre as suas cabeças.
Ali ao fundo, logo à entrada, o restaurante Chiquito, emoldurava-se com uma gigantesca árvore de Natal, repleta de lindos enfeites e toda coberta de neve.
- Olhem! Lá está a árvore de Natal que o velho me tinha falado. – Gritou lambe grelos aos amigos, deveras entusiasmado.
- É enorme! Que bonita! – Admirou-se muito comovido coninha de sabão.
- Bem! Agora temos que colocar muito rapidamente as estrelas na árvore e chamar os managers para virem cá fora. – Voltou-se o fode marmitas um pouco cansado.
- É verdade! Só depois se pode ler o verso de cada uma. O que será que está escrito em cada estrela? – Perguntou o caga na plangana um pouco impaciente.
- Já vamos saber. Vejam! Daqui a pouco é meio-dia e tudo terá que ficar pronto antes da abertura. – Disse num jeito preocupado o coça na pataca.
- Não sei qual é a pressa. Não vejo movimento nenhum a encaminhar-se para esta zona e nem vamos ver certamente até ao final do dia. Aposto! Hoje é vesperas de Natal e o “Chiquito” fecha ao público cerca das nove horas. Duvido que alguém se aproxime deste lugar que está a prever o seu tragico fim. – Afirmou o chupa pintelhos, feito desmancha prazeres.
- Fecha a lata, seu cara de caralho. Seu “viadinho”! – Gritou-lhe brutalmente o lambe grelos. – Vamos imediatamente colocar as respectivas estrelas na árvore e chamar os managers Beckin, Marius e a Michel. Eles encontram-se lá dentro com todos os restantes empregados. Talvez muito preocupados com o nosso desaparecimento. Vamos! O tempo escasseia.
… E em fila indiana, os sete membros, encaminham-se até à enorme árvore de Natal, colocando cada um a sua estrela magica, que por magia mesmo, fez aquela árvore parecer toda coberta de ouro.
Cintilantes fios dourados a adornavam, chamando a atenção dos transeuntes que se passeavam lá ao fundo do grande parque.
Coça na pataca, maravilhado, entra no restaurante Chiquito e num estrondoso grito de alegria, chama todos os managers e colegas de trabalho para virem assistir áquele deslumbrante milagre.
Numa correria curiosa, aquela desanimada gente aproxima-se da árvore de Natal e maravilha-se com tão grande beleza:
- Que lindo! Exclamou a gerente Michel com um sorriso de orelha a orelha. – Agora sim! Agora começou verdadeiramente o Natal no restaurante Chiquito. Sinto-o! Cheiro-o! Saboreio-o!
Todos pareciam maravilhados e ao mesmo tempo gratos com tamanha admiração.
- Bem! Agora os managers têm que ler o verso de cada estrela e revelá-lo em voz alta a todos os presentes. Segundo as ordens do velho sábio, a partir desse momento, tudo renasce de novo. O Chiquito volta novamente à ribalta. – Gritou lambe grelos.
… E foi então que os managers, completamente confusos com todas aquelas agradáveis novidades, leram em alta voz o que cada estrela continha.
A estrela de fode marmitas, tinha inscrito no seu verso a palavra ASTUCIA.
Na estrela de caga na plangana, inscrevia-se PUREZA.
Na estrela de coça na pataca, estava inscrita a palavra LEALDADE.
A de lambe grelos, SABEDORIA.
A de vomita chupetas, AMOR.
Na estrela de coninha de sabão, estava inscrita a palavra FE.
Por último, na estrela de chupa pintelhos, inscrevia-se a palavra HARMONIA.
Maravilhados por tão belas palavras, todas elas tinham um forte significado quer para os managers e empregados do Chiquito, quer para todos os clientes que visitavam o belo restaurante.
Com uma vontade inexplicável, entraram todos para dentro, respeitando as suas funções e aguardando.
*
A neve lá fora parecia encher de paz e de alegria aquele lugar belo
que vivia alegremente a véspera de Natal.
*
Era meio dia em ponto, quando as portas se abriram de par em par para o começo de mais um dia de trabalho.
Um dia realmente de muito trabalho, porque iria ser diferente dos outros passados, pois que milagrosamente uma enchente de crianças acompanhadas de seus pais, avós e familiares, procuravam lugares agradáveis onde podessem petiscar e divertir-se intensamente.
O hambiente era realmente natalício.
Numa correria controlável, todos os “waiters” se movimentavam em direcção à cozinha fazendo os respectivos pedidos e atendiam profissionalmente bem a simpática clientela que cantava, gritava e comia alegremente, deslumbrando-se com o acolhedor, higiénico e pontual serviço do restaurante Chiquito.
Até a música nesse dia foi diferente. Das colunas aos cantos das enfeitadas paredes, ouvia-se a inconfundivel voz de John Lennon. Cantava uma bela canção: “Happy Xmas (War is over)”.
*
Às vinte e duas horas, após um estafante mas positivo dia de trabalho, o restaurante Chiquito fechou as suas portas.
Estava próxima a ceia de Natal, mas essa, seria passada em casa de cada um.
E após as alegres despedidas, com desejos de uma feliz noite com a família, todos os empregados e managers se abraçaram e muito gratos se despediram, partindo a correr em direcção de suas casas.
Uma outra festa mas mais acolhedoura os esperava, junto da sua verdadeira família.
As prendas, a comida e bebida exposta na grande mesa, os doces, vinhos, o delicioso peru, as trocas das desejaveis ofertas de Natal…
*
Jorge, o lambe grelos, caminhando lentamente naquela noite branca e iluminada em direcção ao seu “flat”, alegra-se por ter vivido um sonho inesquecível; um sonho real ou irreal, mas que cumpriu a preceito, juntamente com os seus colegas e amigos, salvando das garras do mal o seu estimado emprego, o qual estava preso por um fio.
Por azar, o pobre rapaz tropeça numa pedra e volta a cair, estatelando-se no meio do passeio que o obriga a soletrar mais um saco cheio palavrões, sem desejar:
- Foda-se! Novamente, caralho! Estou fodido com a merda dos sapatos. Os filhos da puta escorregam que nem casca de banana.O que vale é que desta vez ninguém me viu. Devia comprar uns novos, mas…
E no mesmo instante, os seus olhos encararam com uma sinistra figura, muito alta, de estatura hercúlea, de barba e cabelos longos, da cor da neve, escondendo-lhe as feições mergulhadas em sombra.
Imediatamente reconheceu aquele velho de túnica vermelha até ao pescoço, apertada à cintura por uma tira larga de cabedal.
- Who are you? – Perguntou lambe grelos à misteriosa personagem, mas desta vez não se mijou pelas pernas abaixo.
O velho, ignorando a pergunta que já antes lhe tinha sido feita, ajudou-o a levantar-se.
- Estou muito orgulhoso de ti, boy! De ti e dos teus amigos! Fizeram um serviço limpo; com toda a perfeição possivel. Muito bem! Salvaram o que estava em queda total.
- Mas… Diz-me quem és? De onde vens? Porque te vestes assim? Que fazes aqui? – Perguntou o jovem lambe grelos à sinistra figura.
- Eu sou… O PAI NATAL!!
Nisto, a misteriosa personagem deu um sorriso profundo a lambe grelos e tocou-lhe calorosamente no ombro:
- Feliz Natal, rapazote!
De seguida, desapareceu, deixando no ar umas pequeninas estrelas muito brilhantes que imediatamente se apagaram da pasmada visão de lambe grelos. Mas ele conseguiu contá-las. Eram sete as mágicas estrelas que imediatamente se extinguiram naquela noite branca, fria e magicamente iluminada.
*
Lambe grelos continuou a sua caminhada em direcção ao seu aposento, que ficava numa transversal da St.Albans Road. Uma pacata e silenciosa rua de nome Hatfield road.
Vivia num quarto muito pequenino e tinha uma janelinha estreita onde gostava de passar algum do seu tempo, em silêncio, olhando as estrelas.
Nessa noite de Natal, ele preferiu não contemplar a noite, as estrelas, a neve e o vento através daquela pequenina janela.
Deitou-se, e no seu nostálgico silêncio, pediu ao sonho que o transportasse até junto de sua familia, que estava muito muito longe dali.
Adormeceu sem se dar conta e dormiu como um anjo.
* * * * * * * *
INGLATERRA
Watford,16 de Dezembro de 2005